Lidiane Orestes é mãe, jornalista e bancária. Trabalha no Banco do Brasil desde 2010, na Superintendência Estadual de Varejo São Paulo Oeste, na cidade de Bauru, interior de SP. Participou em 2016 do Grupo de Comunicação da Diretoria de Distribuição São Paulo, que reuniu cerca de 20 colaboradores de diversas áreas do banco com o objetivo de discutir a comunicação interna, e que, de forma colaborativa, foi responsável pela idealização e organização do Inspira BB. Em 2017 integrará a Divisão de Inovação da Diretoria de Estratégia e Organização, que transformou o Inspira BB em um movimento para todas as regiões do país.
INSPIRE-C – Gostaríamos que contasse um pouco sobre o que é o Inspira BB e quais são os resultados esperados com esse evento.
O Inspira BB é um movimento idealizado e organizado por funcionários do Banco do Brasil, inspirado no modelo talks, em que palestras curtas, francas e cuidadosamente elaboradas são apresentadas com o objetivo de trazer a plateia ao pensamento crítico, além de partilhar conhecimento, divulgar e valorizar ideias.
A primeira edição, que marcou a tarde de sábado, 8 de outubro, em São Paulo, contou com a participação de 11 personalidades: o presidente do banco, intelectuais renomados, convidados de destaque em suas áreas de atuação e funcionários que acreditaram no projeto e se inscreveram para compartilhar sua história.
O Inspira BB é o resultado da colaboração, de acreditar que cada ser no processo é único e pode contribuir com sua história, suas interações, aquilo que acredita e, consequentemente, o que tem de melhor. Uma construção coletiva, fora de qualquer estrutura organizacional tradicional que pudesse engessá-la e a impedisse de agregar valor e significado. O objetivo é inspirar o pensamento crítico, a empatia, a colaboração e a vontade de fazer a diferença!
As palestras, que tiveram mais de 7 mil visualizações no YouTube e no Portal Unibb (Universidade Corporativa do Banco do Brasil), logo nos primeiros dias após o evento, também se tornou conteúdo público, indo ao ar pela TV Cultura, em rede nacional, na primeira quinzena de novembro de 2016.
Para a edição de 8 de outubro de 2016, o tema escolhido foi Transições: que mundo é esse? Para onde vamos? Na Grécia antiga, ou seja, há mais de 2.500 anos, essas perguntas faziam parte das reflexões e preocupações dos filósofos. Elas foram respondidas ou novas reflexões surgiram?
Estimular a reflexão e o pensamento crítico acerca das questões de nossa época deve ser uma constante, não em busca de uma resposta-chave, algo pronto e gabaritado que tente conformar a todos, mas sim que leve o indivíduo à construção e busca de sua própria resposta.
O compartilhar ideias, levar o indivíduo a expor sua história no Inspira BB é encarado como uma dinâmica que favorece esse estímulo. Entendemos que propiciar ambientes para que essas dinâmicas aconteçam faz parte da responsabilidade das instituições para que novas reflexões surjam e esse espaço esteja garantido.
Como o banco tem se posicionando perante as grandes mudanças que não são só tecnológicas, mas principalmente sociais, políticas e econômicas?
Buscando compreendê-las, discuti-las com funcionários, clientes, parceiros e a sociedade para aprender e se adaptar como uma instituição orgânica, viva e dinâmica. Somos um banco de mercado com espírito público. É a nossa identidade. Somos a única empresa do setor financeiro listada na Bovespa que tem o Tesouro Nacional como acionista majoritário. Ao mesmo tempo, estamos em cidades com baixa circulação de renda e integramos grandes e pequenos centros, construindo valor com atitudes que demonstram o nosso espírito público naquilo que realizamos.
Gostaríamos que comentasse, especificamente, sobre o papel da mulher no banco e como vocês têm lidado com a transição da participação da mulher no mercado de trabalho.
Vivemos num novo momento de posicionamento do papel da mulher na sociedade, e esse momento, além de respeitado, deve ter a reflexão estimulada. No BB existem movimentos de funcionárias que disseminam a discussão e buscam espaço pelo empoderamento feminino não apenas na instituição, mas na sociedade!
É papel da instituição manter abertos canais para estimular essas discussões e atentar para as necessidades que essas transições causam. Muitas pesquisas que tratam do papel da mulher no mercado de trabalho apontam diferenças salariais e outros empecilhos estruturais nas empresas. No BB, o corpo funcional é composto por 41,5% de mulheres, que passaram por processo seletivo único. Todos os funcionários do banco recebem salário compatível com a função que exercem, independentemente do sexo. As regras e parâmetros de ascensão são os mesmos para homens e mulheres.
Entendemos que priorizando o indivíduo, suas características, bagagem e potencialidades, criamos um cenário onde não há minorias, não há estereótipos e não deve haver preconceito, pois cada ser é único, com suas características próprias e potenciais intransferíveis.
No release divulgado pela empresa consta que uma das preocupações do evento é romper com os modelos mentais preexistentes. Que modelos são esses que precisam ser rompidos e quais são os que não precisam?
O legado tecnicista, de um mundo imutável, com modelos pesados, autocráticos e suas estruturas imutáveis como sinônimo de sucesso e rentabilidade não cabem mais no contexto de evolução tecnológica e social que vivemos. E é exatamente essa certeza e convicção da solidez de tudo que precisa ser questionada constantemente. Vivemos cada vez mais num mundo dinâmico, fluido, mutável, em rede. Buscamos construir uma empresa viva, onde o conhecimento circula da base até o topo da organização de forma dinâmica. No Inspira BB o presidente teve o mesmo tempo (10 minutos) da funcionária com apenas três anos de banco que está no primeiro nível de encarreiramento da empresa. Todas as duas falas foram edificantes. É um intercâmbio importante para a modernização do BB, um estímulo ao diálogo e à construção de novos caminhos.
“É papel da instituição manter abertos canais para estimular essas discussões e atentar para as necessidades que essas transições causam.”
O Banco do Brasil existe há mais de 200 anos e sua história faz parte da história do Brasil. Quais são as lições de sucesso que o BB pode transmitir para outras empresas públicas?
Somos uma empresa líder de mercado, com uma história singular se comparada com outras empresas globais. Nossa história diz muito sobre nossa capacidade de contribuir com o desenvolvimento do país. Procuramos, na atuação de cada funcionário, reforçar o significado e o valor social do trabalho que realizam. É a condição de fazer do Banco do Brasil uma empresa conectada com as transformações do mundo digital e, ao mesmo tempo, humanizada. É isso que nos faz ter a filosofia como ferramental de reflexão importante na consciência sobre o nosso papel de transformar para melhor a vida de clientes e das comunidades em que atuamos. Entendemos o trabalho diante do seu potencial transformador.
Como o Inspira BB pode contribuir com outras empresas brasileiras?
Mostrando que o trabalho coletivo, em rede, que considera os potenciais de cada indivíduo, que rompe com a obrigatoriedade de que inovações devam surgir apenas sob o crivo e à sombra de estruturas organizacionais impostas há décadas é possível. Trazendo a crítica para dentro da intuição, estimulando os indivíduos…
O Inspira BB pode ser uma referência positiva, conectando pessoas por meio de experiências singulares que possuem elos comuns como valor, propósito e sentido para aquilo que realizamos. É um contato com a verdade de cada um potencializada com aquilo em que o grupo acredita.