Por Ronaldo Campos

A vida corporativa cria alguns momentos de estresse. Levar notícia ruim para o chefe; apresentar para o acionista um resultado abaixo do esperado; participar de um longo e interminável processo seletivo. Mas nada se compara ao estresse de um introvertido quando precisa fazer networking.

Quem é introvertido sabe do que estou falando. Por exemplo, quanto é difícil chegar sozinho a um evento e ser “fulminado” pelos olhares que buscam algum interesse na sua pessoa. “Será que é o diretor comercial de tal empresa?” “Será que é o mandachuva da corporação X?” Se nenhuma das varreduras neurológicas trouxer uma resposta afirmativa, o introvertido poderá relaxar, uma vez que os olhares sumirão com a mesma velocidade com que o encontraram.

Estando num estado de completo abandono, o introvertido buscará desesperadamente preencher a solidão de sua alma lendo com exagerada atenção a programação do evento. Outra estratégia é fixar o olhar na tela do celular como se nada mais existisse ao redor. Como precisa convencer os outros e a si mesmo de que está muito “atarefado”, sua testa enruga e seus olhos chegam a lacrimejar por falta de piscadelas.

Felizmente, há dicas de como quebrar o gelo. Uma delas é iniciar um bate-papo durante a espera em alguma fila. Ela tem a grande vantagem de limitar o número de interlocutores. São no máximo dois: a pessoa da frente e a de trás. Se o introvertido for o último da fila, melhor ainda, porque só há uma opção. “Puxa, que fila grande! Faz tempo que você chegou?” Outra dica é falar sobre as atividades do evento, já que a programação foi praticamente decorada. “Estou louco para assistir a última palestra, o cara é demais!”

Outro local propício para quebrar o gelo é ao redor da mesa do café. Quando for se servir, mantenha um meio sorriso no rosto. A chance de interação aumenta, uma vez que as pessoas costumam olhar para aqueles que estão sorrindo. Porém, o networking mais eficiente acontece quando todos já estão com o crachá pendurado no pescoço. A suposição dá lugar à realidade e basta circular pelo hall para identificar as pessoas de seu interesse. Uma googlada discreta sobre os dados do crachá de um possível contato confirmará se vale a pena ou não investir no networking.

No entanto, a melhor maneira de eliminar o estresse é utilizar uma plataforma de mídia social focada em negócios e empregos. Uma delas é o LinkedIn, que além das sugestões de vagas de emprego, utiliza algoritmo que sugere conexões com pessoas de seu interesse.

A mídia social pode parecer o refúgio perfeito dos introvertidos, mas alguns cuidados precisam ser tomados. Nenhum contato se mantém com afastamento físico total. Interações pessoais precisam ser feitas, mesmo que esporadicamente. Por mais sofisticadas que sejam essas ferramentas, está provado que nunca substituirão o olho no olho. Afinal, o introvertido precisa superar o instinto de fuga e aos poucos exercitar as relações interpessoais.

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