Por Camila Barreto

A última década foi marcada por importantes transformações no mercado de trabalho. Além da crescente demanda por qualificação, o avanço da tecnologia fomentou e propiciou o engajamento digital, bem como favoreceu modelos de trabalho híbridos como o home office, especialmente a partir da pandemia. Discussões sobre o futuro do trabalho envolvem mudanças geracionais, redução da jornada de trabalho, como foi aprovada no Chile em abril deste ano, além de engajamento social e ambiental.

No que diz respeito às mudanças geracionais, especificamente, pode-se dizer que a geração Z, que compreende aqueles nascidos entre 1997 e 2012, já estabelece mudanças substanciais no mercado de trabalho ao redor do mundo. São muitas as pesquisas acerca da geração que nasceu e cresceu imersa no mundo digital, justamente porque eles representam a força de trabalho e de consumo emergente.

Essa geração teve a sua jornada de estudos e o seu ingresso no mercado de trabalho impactados pelo cenário de crise instaurado pela pandemia, além de enfrentar a quase permanente instabilidade que se prolonga até os dias de hoje. Não obstante, a ameaça climática que paira sobre a humanidade também é de interesse dessa geração, que sabe que enfrentará as consequências disso no futuro próximo.

Pautas mais sociais de inclusão e diversidade são consideradas muito importantes para os jovens desse grupo demográfico, e eles estão de olho nas empresas não só enquanto consumidores, mas também como potenciais colaboradores. Ética e transparência, somadas a um ambiente de trabalho que seja considerado minimamente saudável, são algumas das demandas essenciais, especialmente se levarmos em conta os dados da pesquisa da Cigna International Health, de 2023, que conclui que a geração Z já desponta como o grupo mais estressado no local de trabalho, lidando, inclusive, com sintomas de esgotamento.

Talvez por conta disso, essa parcela da população acaba mudando de emprego com mais frequência. Ainda, a pesquisa da consultoria de RH e outsourcing EDC Group, feita com 328 brasileiros e publicada na Forbes em 2023, mostra que 25% dos entrevistados concordam que a geração Z faz exatamente aquilo que foi contratada para fazer, nem mais, nem menos. Mas não se engane: eles estão, sim, em busca de estabilidade financeira e profissional.

Muitos jovens desse grupo, inclusive, se aplicam mais academicamente em termos de profissionalização e pós-graduação para serem absorvidos pelo mercado de trabalho antes mesmo de concluir os estudos. Depois de lidar com tantas crises, eles buscam a tão sonhada segurança profissional, desde que esta esteja de alguma forma alinhada às suas expectativas profissionais e até mesmo sociais. Sim, porque para eles sucesso profissional tem a ver, também, com propósito pessoal.

As empresas têm experimentado diversos desafios ao lidar com essa geração global. Desde a comunicação até o modo como enxergam o trabalho, seu ambiente e suas regras geram alguns impasses entre empregadores e colaboradores. Uma maior flexibilidade e a busca do equilíbrio saudável no âmbito profissional pode reforçar ainda mais a tendência das empresas de adotar modelos de trabalho mais flexíveis e remotos.

É fato que essa nova geração tem muito a agregar, e as expectativas para o futuro do mercado de trabalho tendem a ser positivas. A entrada dessa geração neste espaço marca a integração de novas tecnologias e inovações, como o uso da Inteligência Artificial e o engajamento digital, que já se mostram grandes transformadores do modus operandi do trabalho hoje em dia, e isso parece ser só o começo dessa nova era.

Diante desse cenário, as organizações que melhor compreenderem e se adaptarem às características singulares dessa geração estarão mais aptas a crescer rumo a um mercado de trabalho cada vez mais tecnológico e em constante transformação.

Fontes:
https://forbes.com.br/carreira/2023/05/geracao-z-e-a-menos-comprometida-e-engajada-no-trabalho/
https://www.bbc.com/worklife/article/20230215-are-gen-z-the-most-stressed-generation-in-the-workplace


Camila Barreto venceu o Projeto Escrita 2019. Atualmente estuda Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

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