Fernanda Teixeira e Renata Lobo Catusso

Quando deparamos com uma multidão vestida de azul em homenagem a este dia e com os principais monumentos de diversas cidades do mundo iluminados de azul, como a Torre Eiffel, a Ópera de Sydney, a Torre de Pisa, o Empire State Building, o Castelo da Disney, o Cristo Redentor, entre muitos outros, percebemos que o mundo inteiro está chamando nossa atenção para essas pessoas com autismo.

Um pedido de atenção para todos nós nos conscientizarmos, aprendermos, entendê-los melhor e abraçarmos essa causa!

Para tanto, devemos ir além do que a mídia nos informa e o senso comum generaliza, pois este assunto ainda é cercado de mitos, mistérios e complexidades. Se o autismo é simbolizado por um quebra-cabeça, como devemos encontrar os caminhos para resolvê-lo? Essa resposta é o que milhões de pessoas buscam dia após dia, uma batalha movida pelo amor e pela esperança.

Estamos todos unidos por essas pessoas, seus pais e mães, irmãos, avós e profissionais da saúde que procuram ajuda, respostas e um caminho para percorrer. Esses familiares precisam de suporte para não cair e enfim mostrar que desistir não é uma opção. Cada um de nós, que trabalhamos direta ou indiretamente com eles, temos uma enorme responsabilidade e o dever de construir este caminho! Lutando por uma realidade repleta de novas ideias, novas pesquisas, novas leis, novas descobertas!

O fato de muitas vezes não falarem ou terem dificuldades na fala pode criar abismos para a comunicação, porém são diversas as formas de entendê-los.

 

Podemos carregar dúvidas e curiosidades que são naturais, mas a falta de informação ainda pode gerar alguns preconceitos. O que devemos entender é que antes de julgá-los precisamos conhecê-los. Pois muitas portas se fecham para eles, quando na verdade deveriam se abrir.

Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:

* Inabilidade para interagir socialmente.

* Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos.

* Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

A melhor forma de compreender um pouco mais sobre este universo é por meio da convivência, de vê-los, ouvi-los e de coração aberto aprender lições extremamente valiosas.

A troca de ensinamentos e aprendizados é mútua, em meio a dificuldades e grandes conquistas. O tempo se encarrega de quebrar barreiras e desvendar seus mitos.

Ao falar de autismo, tendem a sobressair as características mais conhecidas, mas quando tratamos de uma pessoa, observamos que nenhuma é igual à outra.

 

Por trás dos olhos que não olham nos seus existem pessoas com características, personalidades e interesses individuais ou, quem sabe, únicos. Cada qual com seu jeito especial de nos cativar, nos demonstra que, conhecendo cada um, podemos encontrar diversas formas de acessá-los.

Por trás daquele que aparentemente prefere ficar sozinho, existe uma pessoa que precisa de você, que aprecia sua presença e que gosta de se sentir querida. Devemos demonstrar a essas pessoas que elas não estão sozinhas, mostrar os caminhos para compreender melhor nossas regras sociais e culturais, que não são tão óbvias como imaginamos.

O fato de muitas vezes não falarem ou terem dificuldades na fala pode criar abismos para a comunicação, porém são diversas as formas de entendê-los. E nós temos a responsabilidade maior de atravessar esse abismo, pois a fala pode ser a forma mais usada, mas não é a única forma de comunicação.

Pode acontecer, em muitos casos, de eles já estarem tentando se comunicar e nós simplesmente não estamos dando a devida atenção. Um olhar diferenciado e um escutar mais atencioso podem captar mensagens em uma expressão facial, em uma fala aparentemente descontextualizada, em um gesto ou mesmo um comportamento. É quando ensinamos o valor de serem compreendidos e como isso pode mudar suas vidas.

Se balançam seus corpos enquanto estão sentados, se mexem seus dedos enquanto andam, se gostam de girar seus corpos enquanto estão de pé… O que  importa é se estão bem. Pode ser algo que nos incomoda, mas não os incomoda. Devemos refletir se isso é algo para se trabalhar em nós mesmos.

E, por fim, um pouco sobre esses pais que ficam até tarde acordados porque seus filhos não dormem, zelando pela sua segurança, as idas e vindas atrás de médicos e medicamentos que os acalmem, a falta de saber o que fazer quando o filho começa a se bater, a falta de saber como se comunicar, a falta de sentir um abraço, a falta de se sentirem queridos pelos filhos… São eles que demonstram o que é amor incondicional e que por um filho vale a pena aceitar todos esses desafios e dificuldades.

Pois eles não estão sozinhos, nem seus filhos, nem seus pais. Estamos juntos! Juntos vamos lutar e comemorar com cada passo que seu filho der, com cada pequena conquista que ele realizar. Com um olhar de paciência, carinho, respeito, dedicação e muito amor. Nosso olhar é direcionado a todo o potencial que está dentro de cada um.

Hoje é um dia para nos conscientizarmos de que devemos abraçar esta causa — pelas pessoas com autismo, por essas famílias que já estão acolhidas, mas principalmente por aquelas que não estão. Vamos buscar abrir um maravilhoso caminho para todos eles. E devemos ressaltar a importância de descobrir se a criança tem autismo quanto antes, pois pode ser um diferencial em sua evolução.

Finalizamos deixando os parabéns para TODOS que abraçam e lutam por esta causa! Aos que dão suporte às famílias e respeitam o diferente de coração aberto! E principalmente parabéns aos familiares e profissionais que convivem diariamente com essas criaturas especiais!

Fernanda Teixeira, Presidenta da Acesa Capuava
Renata Lobo Catusso, Psicóloga e Coordenadora Técnica da Acesa Capuava

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