Por Ronaldo Campos

Resgatar o maiô escondido no fundo da última gaveta do armário, a saída de praia estampada com a bandeira do Brasil, a raquete de tênis de praia que ainda tem areia do verão passado e que permaneceu um ano com as vassouras na lavanderia. Empacotar tudo isso e, antes de pegar a estrada, fazer a compra em algum supermercado em São Paulo (no litoral é bem mais caro) torna-se um excelente motivo para reunir a família e passar alguns dias de férias na praia.

As férias recarregam a bateria mental e física. Não acordar com o bipe do alarme, não tomar o café da manhã correndo, não levar os filhos para a escola e depois seguir atrasado para o trabalho no escritório ou em casa já são bons motivos para começar a relaxar. Também é o momento de ler alguns livros diferentes daqueles que você lê durante o ano para se tornar um excelente profissional: O melhor administrador do mundo, Administração moderna, Gestores gurus e gênios ou as biografias dos bilionários: Abílio: determinado, ambicioso e polêmico, Silvio Santos: trajetória completa, Carlos Slim: os segredos do homem mais rico do mundo (só para não ficar nos nacionais).

Os primeiros dias de férias são os mais difíceis, pois a mente não desliga de imediato dos problemas deixados no trabalho. Mas a vida não é só orçamento, metas de venda, redução de custos; há também o temor da ausência: e se o meu departamento tiver um desempenho melhor sem a minha presença? Será que sentirão a falta do meu trabalho? Faz parte do jogo! A lei trabalhista garante o direito às férias e, do lado da empresa, não sejamos ingênuos, sabemos que ela aproveita a ausência do colaborador para reavaliar a necessidade ou não do trabalho dele e observar se, eventualmente, há uma má conduta financeira ou moral. Em 2008, o banco Société Générale, na França, descobriu durante as férias de um de seus funcionários que ele desviava recursos financeiros da instituição, resultando em um grande escândalo.

O colaborador não precisa se sentir culpado durante as férias. O ócio é benéfico. No livro Política, Aristóteles escreveu: “O primeiro princípio de toda ação é o ócio”. Não é tanto uma inatividade — embora possa sê-lo —, mas é o tempo que alguém passa com seus próprios interesses. Vale a pena despir-se, ao menos nas férias, da tradição moralista calvinista que coloca o ócio como o pai de todos os vícios. Caso ainda não esteja convencido da importância de se afastar por alguns dias do trabalho, pense, ao menos, que é muito comum ter insights enquanto se está só. Talvez aquela caminhada até a ponta da praia possa lhe ajudar a desatar um dos nós que insiste em assombrar o seu departamento.

Após passar o dia inteiro na praia, não caia na tentação de checar sua caixa de e-mails enquanto os seus familiares tomam banho. Mesmo que seja o seu chefe, não fique ansioso para saber o que ele quer. Confie na sua equipe! Afinal, se você os escolheu, é porque são capazes de dar conta do recado. Pode ter certeza de que os problemas não surgem da noite para o dia. Eles são o resultado de falhas que vão se acumulando ao longo do tempo. É a mesma situação quando alguém procura um psicólogo para querer entender por que a pessoa amada o abandonou. Um bom psicólogo perguntará: “Desde quando ela(e) começou a abandonar você?”. Portanto, durante a sua ausência, nenhum novo problema surgirá. Desligue e curta as suas férias!

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