Por Neda Ulaby
Tradução de Ronaldo Campos
Segundo as projeções da Warner Bross, a bilheteria do filme Barbie ultrapassará US$ 1 bilhão e a diretora Greta Gerwing se tornará a primeira mulher solo a conquistar essa marca. Outras mulheres ultrapassaram esse número como codiretoras: Jennifer Lee e Chris Buck dirigiram o filme Frozen e Frozen II e Anna Boden e Ryan Fleck dirigiram o filme Captain Marvel. O filme Wonder Woman foi dirigido exclusivamente pela diretora Patty Jenkins mas não ultrapassou a barreira de US$ 1 bilhão.
A maioria dos filmes que faturaram mais de US$ 1 bilhão são voltados para o público masculino e dirigidos por franquias. Até o momento, 53 filmes renderam mais de um bilhão de dólares e Barbie é um deles. Porém, apenas nove filmes, ou seja, apenas 18%, têm como protagonista central uma mulher. Além de Barbie, os oito filmes são: Finding Dory (2016), Frozen (2013), Frozen II (2019), Beauty and the Beast (2017), Star Wars: The Last Jedi (2017), Captain Marvel (2019), Titanic (1997) e Alice in Wonderland (2010).
Em suma, ainda são baixíssimas (18%) as produções com receitas acima de bilhões de dólares que contam com mulheres ou meninas como principais protagonistas. Quase metade delas são filmes de animação feitos para o público infantil. São excelentes os blockbusters com personagens femininas. Contudo, a escassez de filmes que contam com mulheres no papel central mostra a lentidão de Hollywood quando se trata da igualdade de gênero.
“[Isso] é o reflexo de como Hollywood direciona o seu orçamento gigantesco para as produções, para as divulgações de marketing e quem tem a oportunidade para dirigir, escrever e estrelar seus filme”, diz a editora sênior de produção da The Hollywood Reporter, Rebecca Keegan, num episódio recente do podcast The Town. Ela ainda completa: “Portanto, é cedo para concluir que Barbie é uma resposta às forças do mercado versus a cultura machista que norteia Hollywood a décadas”.
O apresentador do The Town, Matthew Belloni, destacou que no primeiro final de semana, as mulheres representavam 69% do total de ingressos vendidos nos Estados Unidos e na segunda semana esse número foi de 71%, o que é incomum. Curiosamente, muitas voltaram ao cinema com seus maridos ou amigos ou parentes. Esse “apelo” aos homens não pode ser ignorado.
Stacey L. Smith, da University of Southern California, que estuda a inclusão feminina na cultura popular, disse em fevereiro deste ano, em um de seus relatórios, que as mulheres vem ganhando espaço na TV e no cinema. Ela analisou mais de 1.600 filmes. Em 2007, a participação feminina foi de 20% e em 2022 esse número subiu para 44%. Ainda há muito espaço para a participação das mulheres nas maiores produções mundiais.
Se você acha que com o filme Barbie as indicações de mulheres ao Oscar aumentarão, você está enganado. Infelizmente, esse número ainda é muito baixo. Apenas sete mulheres foram indicadas nos últimos anos e pelo andar da carruagem, esse número não será muito diferente em 2024. Lembrando que em 2017a diretora de Barbie, Greta Gerwing, faz parte dessas sete indicações pelo filme Ladybird.
Texto original publicado na NPR, em 06/08/2023.