Por Marcella Erédia e Natasha Lima

O início do ano é marcado por grandes premiações. Todos os olhos se voltam para as produções que o mercado considera relevantes. As indicações, por si só, já são valiosas, mas é na conquista das estatuetas que os filmes encontram a sua máxima validação.

Diante da importância social e cultural desses eventos, sempre é positivo quando esses espaços ganham diversidade. Não só os telespectadores, mas também a indústria cinematográfica ampliam seus horizontes e dão oportunidade para que outros trabalhos sejam conhecidos.

Em 2020, o Oscar aumentou a participação de filmes produzidos e distribuídos por plataformas de vídeo, como História de um Casamento. Além disso, um dos maiores destaques desta premiação é Parasita, filme sul-coreano que fala sobre a desigualdade social. Ambos são iniciativas que se distanciam das tradicionais fórmulas hollywoodianas.

Embora ainda tenham um longo caminho pela frente, tais indicações representam um avanço no que diz respeito à diversidade das produções no circuito de cinema tradicional e, também, uma abertura para que novas histórias sejam contadas.

História de um Casamento (2019)

Direção: Noah Baumbach
Elenco: Adam Driver (Charlie Barber), Scarlett Johansson (Nicole Barber), Laura Dern (Nora Fanshaw), Alan Alda (Bert Spitz)
Disponível na Netflix

O filme narra a história de Charlie e Nicole, um casal que após dez anos de relação está enfrentando o drama da separação e tudo que a envolve, em especial a disputa judicial pela guarda de seu único filho, Henry. Ele, um diretor de teatro com o sonho de alcançar o sucesso em Nova York, e ela, uma atriz que abdicou da carreira no cinema para priorizar a vida familiar e agora tenta retornar à indústria de Hollywood.

Nicole é quem decide dar entrada no processo de divórcio. Mesmo reconhecendo as inúmeras qualidades de Charlie enquanto pai, marido e profissional, ela percebe que anulou desejos e vontades a fim de fazer as coisas funcionarem e apoiá-lo em suas escolhas.

Charlie, por sua vez, demora a entender as motivações de Nicole. Imerso nos compromissos de trabalho e na busca pela realização pessoal (que ele acredita serem interdependentes), ele não foi capaz de enxergar a frustração e o cansaço da esposa no decorrer dos anos e é pego de surpresa quando ela opta por contratar uma advogada para cuidar do processo.

Por meio dos diálogos e interpretações — sem dúvida, um dos pontos altos do filme — e na explosão de sentimentos e angústias reprimidos, Adam e Nicole conseguem a simpatia do público. O que parece ser só mais um drama clichê se transforma em um retrato real e doloroso sobre o fim de um casamento que um dia foi bem-sucedido e é quase impossível não torcer para que tudo dê certo, mesmo que isso signifique o fim.

História de um Casamento mostra, pouco a pouco, que nem só de amor vive uma relação. Na simplicidade das personagens e no modo como elas se percebem no decorrer da trama é possível entender que não basta estar ao lado, é preciso também enxergar, de fato, o outro. O casamento nada mais é que um contrato — por escrito ou não — e exige dedicação e uma série de acordos e ajustes que respeitem a individualidade de cada um e tornem a parceria sustentável, saudável e duradoura.

Parasita (2019)

Direção: Bong Joon-ho
Elenco: Song Kang-ho (Kim Ki-taek), Lee Sun-kyun (Mr. Park), Cho Yeo-jeong (Mrs. Park), Choi Woo-shik (Kim Ki-woo), Park So-dam (Kim Ki-jung) e Jang Hye-jin (Kim Chung-sook)
Disponível nos cinemas

Parasita é um filme sul-coreano que conta a história da família Kim — pobre, moradora do subúrbio, composta por dois jovens adultos e pais desempregados.

Quando o filho mais velho, Kim Ki-woo, é indicado para trabalhar como professor particular para uma família rica, os Kim encontram uma oportunidade de ganhar dinheiro e mudar de vida.

Rapidamente, pai, mãe e os dois filhos assumem identidades que lhes permitem trabalhar oferecendo serviços de luxo aos novos patrões.

O plano parecia perfeito, mas nada seria tão fácil como imaginavam. Com o passar dos dias, os Kim tomam conta da casa, mas, ao mesmo tempo, são levados a situações humilhantes e a questionar a sua própria condição social.

Por definição, parasita é “um organismo que vive de e em outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano”. Mas será que alguém realmente consegue viver assim?

O filme foi classificado como terror e suspense, mas é dotado de um estilo muito próprio. Com cenas impactantes e plot twists bem colocados, Parasita surpreende, incomoda e evidencia disparidades.

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