Por Ronaldo Campos

O aquecimento global e o efeito estufa são dois conceitos diferentes, porém de fácil confusão. O efeito estufa é um fenômeno natural que mantém a Terra aquecida do frio congelante do espaço. Os gases óxido nitroso, dióxido de carbono (CO²), metano e outros retêm, na terra e na atmosfera, uma parte do calor emitido pelo Sol. Imagine uma noite de frio em que você pega um cobertor, veste um pijama de mangas longas e calça as meias mais quentinhas que tem. Logo, o aquecimento global é o calor que você sente e o efeito estufa é quanto o cobertor “aquece”.

Vamos falar do cobertor porque é ele que importa. O cobertor da Terra é o dióxido de carbono (CO²). Ele corresponde a 76% de todos os gases responsáveis pelo efeito estufa. Apesar de existir em baixa quantidade na natureza, ele é muito poderoso, pois em grande quantidade impede que o excesso de calor emitido pelo Sol saia da Terra. Sabe aquela noite em que você dorme com um cobertor muito “quente” e começa a suar? Você está passando por um efeito estufa. Na verdade, os cobertores e as roupas não nos aquecem, o que eles fazem é impedir a troca de calor do nosso corpo com o meio ambiente. Dióxido de carbono em excesso impede a troca de calor da Terra com o espaço.

O dióxido de carbono surge da combustão do carbono (esse é o nosso problema), da fermentação, por exemplo, da cerveja e do vinho, e da respiração animal. Tudo estava em equilíbrio até a Revolução Industrial (vide gráfico abaixo). A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera era suficiente para fazer a troca de calor da Terra com o espaço. Contudo, não adianta culpar a Revolução Industrial, e por consequência o capitalismo, como o grande vilão da história. Pois se temos alguma chance de impedir o aumento da temperatura média da Terra e não ultrapassar os 2 ºC ou 3 ºC para os quais os cientistas alertam, essa chance está no capitalismo. É o único sistema econômico capaz de criar, adaptar e inovar as soluções para os problemas atuais.

Os carros elétricos e as energias eólica e solar são invenções das economias de mercado. São soluções que substituirão a queima de combustíveis fósseis. Hoje essas tecnologias já são uma realidade. Portanto, já se sabe o que é preciso ser feito. Uma das grandes vantagens do capitalismo é exatamente esta, ou seja, fazer com que as pessoas produzam e mostrem o que elas têm de melhor. Outra vantagem é a livre divulgação das informações que possibilitam a compreensão do contexto. Por exemplo, estudos recentes mostram que a mudança climática não é o fim do mundo, que a humanidade não está em risco de extinção e que a Terra não está em perigo iminente.

A Terra existe há mais de 4,5 bilhões de anos e é muito recente a ação do homem sobre ela, isto é, ainda temos tempo suficiente para impedir que uma eventual catástrofe nos pegue de surpresa. Para facilitar a compreensão da relação humana com a Terra, vamos imaginar que ela tenha 45 anos de idade. Quando completou 42 anos, surgiram os primeiros vegetais. Nas últimas quatro horas, surgiu o homem moderno. Faz uma hora que ele aprendeu a plantar e a colher. Em menos de um minuto a Terra passou a conviver com as máquinas, com as indústrias e com todo lixo que existe sobre ela, na atmosfera e na órbita.

Afinal, não podemos perder de vista todas as condições tecnológicas e a inteligência que temos para enfrentar o aquecimento global. Elas são suficientes para nos ajudar a compreender e a criar um relacionamento sustentável com a natureza. Sabemos que os recursos naturais são finitos e que, apesar de termos nos distanciado da natureza, principalmente nos últimos séculos, a vida seria impossível sem os seus recursos. Achar que somos capazes de dominá-la é um grande erro. Somos parte da natureza, somos completamente dependentes e devemos servi-la e respeitá-la. É justamente o contrário do que se pensava.

Fonte: Professor Ed Hawkins, University of Reading. Disponível em: https://showyourstripes.info/c/globe
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