Por Ronaldo Campos

Qual é a imagem que lhe vem à cabeça quando você pensa numa aula de MBA? É quase certo que você imaginou os homens usando blazer e as mulheres tailleur azul-marinho ou cinza, discutindo com olhares compenetrados na planilha Excel as estratégias de market share, as metas de vendas e o resultado financeiro. Porém, é bem provável que você não tenha imaginado um curso de MBA com aulas de arte.

Felizmente, as melhores escolas de Administração do mundo estão adotando a arte na grade curricular. Uma delas é a escola de negócios de Oxford, que tem a regência como uma atividade obrigatória. Apesar de parecer fora de contexto, essa aula traz uma lição muito importante: antes de iniciar a regência, o regente deve definir o ritmo da música com os coristas. Isso acaba não acontecendo e, por equívoco, os alunos pegam a batuta e executam movimentos sem significado, acreditando que extrairão uma música harmoniosa.

Segundo o professor de empreendedorismo do curso de MBA da Oxford, Pegram Harrison, é comum que os líderes negligenciem esse princípio básico de uma boa gestão. Muitos assumem que o seu time já conhece as regras do jogo e apenas se preocupam com o resultado. Harrison diz que o líder deve antes de tudo acertar o “ritmo” e depois deixar o grupo se autogovernar. “A pior gestão é quando o líder não sabe quais são as regras do jogo e tenta coordenar a equipe com comandos aleatórios na tentativa de acertar o resultado” — diz o professor.

Na Carnegie Mellon University, outra importante escola de negócios, os alunos têm aulas de poesia, de pintura e participam de um clube de leitura. A professora responsável pelo MBA, Leanne Meyer, diz que o envolvimento dos alunos com as principais características das personagens é nítido. Leituras em níveis mais profundos ajudam o gestor a desenvolver a capacidade de se identificar com outras pessoas. Para ser um bom gestor, não basta apenas criar metas desafiadoras ou saber preencher as planilhas Excel com quantidades intermináveis de números. Sem dúvida, o mais importante é desenvolver a empatia e a sensibilidade.

Mas será que a arte realmente contribui para a formação dos executivos? Surpreendentemente, sim. Os resultados das pesquisas comprovam que os alunos que tiveram aulas de arte estavam mais capacitados para as resoluções dos problemas. Muitos dos cursos de MBA planejam incluir novas atividades, tais como representação teatral, pintura, canto e até escultura. O que mais chama a atenção dos responsáveis é a felicidade com que os alunos executam as tarefas. Só por isso as aulas de arte se justificariam. Afinal, o que todos nós desejamos são momentos de felicidade.

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