Por Anderson Borges Costa
A matemática nem sempre se traduz pela lógica. A minoria nem sempre é a menor parte. Socialmente, a minoria é a parte da população que é marginalizada, oprimida, desfavorecida. Nesse sentido, o Brasil é um país matematicamente ilógico: tem uma população minorizada que é a maioria de sua gente: o País tem uma maioria de mulheres, tem uma maioria de negros. No entanto, mulheres e negros são uma minoria oprimida e com pouca voz. Para dar voz a um trio social que é frequentemente deixado de lado na História, o cineasta americano Quentin Tarantino criou uma trilogia de histórias que dão voz, em três ótimos filmes, a quem é frequentemente silenciado: mulheres, negros e judeus.
Django Livre conta a história de um escravo liberto, Django (Jamie Foxx), cujo destino o leva ao caçador de recompensas alemão dr. Schultz (Christoph Waltz), que está à procura de três irmãos brancos, inescrupulosos assassinos de escravos. Leonardo DiCaprio, no papel de Calvin Candie, faz talvez seu personagem mais execrável, de tão racista. No final, o público respira aliviado e desacorrentado.
À Prova de Morte é a história de um bruto homem (Kurt Russell) que esconde dentro de seu carro mortífero a misoginia que tenta assassinar mulheres que não se resignam a serem meros acessórios de homens. No final, a plateia respira forte e empoderada.
Bastardos Inglórios trata da perseguição de judeus a nazistas que perseguem judeus. O tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados com origem judaica para exterminar nazistas. Enquanto isso, a sobrevivente judia Shosanna Dreyfuss (Mélanie Laurent) incendeia e mata com fogo e gás, em seu cinema, durante a sessão de um documentário nazista, militares do alto escalão do partido de Hitler, que também morre no cinema lotado. No final, os espectadores respiram vingados da História, com o pulmão em “V”.
Em três filmes nos quais há um festival de sarcasmo, ironia e crítica social, é possível ouvir, em cada um deles, o grito de gratidão ao cinema, por nos permitir reconstruir matematicamente a História por meio de uma história. Segure-se no sofá, pois cinema é movimento.
Django Livre (Django Unchained, 2012)
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Direção: Quentin Tarantino
À Prova de Morte (Death Proof, 2007)
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Direção: Quentin Tarantino
Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009)
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Direção: Quentin Tarantino
Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas. Escritor, autor dos romances Professoras, Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.
