Por Vanessa S. Moreira
Notando o vidro, ele examinava as letras que me compunham. Meu gás estava aprisionado em minha embalagem, eu meramente pintado de vermelho de acordo com as características da marca da qual faço parte. Ele me encarava e permanecia pensando em como furtaria-me: passavam-lhe várias estratégias pela cabeça, mas logo em seguida girava a cabeça em direção a uma das câmeras de segurança.
Vestia-se de farrapos, ou, talvez em apenas uma semana, segundo minha distinção de vestimenta. Compreendia quase que erroneamente, o menino vestia farrapos comparado às das roupas das quais eu estava acostumado a poder olhar.
Olhou para um lado e depois para o outro. Passou a mão na barriga e uma lágrima escorreu por seus olhos, sem pensar mais sobre, o menino pegou uma moeda do bolso, mas essa não possibilitava comparar-me. Por um instante, me senti desejado e, dentre aquela longa semana, como um Refrigerante sem açúcar, nunca havia antes sentido a necessidade de ser surrupiado por uma criança de porte médio com olhos cheios de lágrimas.
De repente andando pelo corredor, um homem por volta dos quarenta anos passava por ali com uma cesta de comparas ao lado do corpo, abriu o vidro e rapidamente agarrou-me e me pois em sua pequena cesta.
Olhando para câmera e analisando-a, o menino fora de encontro a cesta em que eu estivera posto, passando muito perto do homem que desejava me comprar, o menino vendo a possibilidade da câmera não notar-lhe, pois o corpo do homem estava impossibilitado a imagem da criança fazendo com que assim ele tivesse a oportunidade de roubar-me e assim o menino fizera, levara-me consigo. O menino tinha a necessidade de consumir-me pela fome e eu de ser consumido pela liberdade.
Colégio: ALEF Paraisópolis
Aluna: Vanessa S. Moreira – 3º ano do ensino médio
Texto vencedor do 3º lugar do Projeto Escrita 2019