Texto | ANDERSON BORGES COSTA
Você tem algum talento? Desenha, canta, escreve, atua, fala bem? Já viu gente talentosa se apresentando? O talento é a capacidade para exercer uma ocupação ou uma atividade. No entanto, tem um filme no qual o talento se torna maior do que a própria pessoa. Lançado há 25 anos, continua muito atual e vale a pena ser visto e revisto: O Talentoso Ripley.
O filme é inspirado no grande romance da escritora Patricia Highsmith. É uma história de mistério, na qual o protagonista Ripley desfila todo o seu talento para imitar vozes, trejeitos e assinaturas de forma quase perfeita. O interessante dessa história é justamente a palavra “quase”.
No filme, Tom Ripley é desempenhado por Matt Damon, um rapaz que é belo, inseguro e pobre. Um acaso leva o milionário americano Herbert Greenleaf a achar que Tom foi colega de faculdade de seu filho Dickie (Jude Law), um playboy que mora na Itália à custa do pai. Greenleaf quer que o filho volte a morar nos Estados Unidos, mas Dickie se recusa a deixar a boa vida que leva na Europa. Em uma conversa, o senhor Greenleaf oferece (muito) dinheiro e passagem a Tom Ripley para o suposto amigo de Dickie convencê-lo a voltar para casa. Já na Itália, Tom usa todo o seu talento para convencer Dickie de que estudaram juntos na faculdade e que foram grandes amigos na América. Na Europa, seu talento para se passar por outra pessoa o leva a ter que personificar situações que se enrolam e se desenrolam de forma a sair do controle de Tom. Ou quase. É isso que prende o espectador na cadeira.
A recente estreia dessa história na série Ripley, na Netflix, apenas reforça a riqueza que o livro de Patricia Highsmith oferece. Mas o filme com Matt Damon e Jude Law tem a vantagem de concentrar todo o talento de Ripley em pouco mais de duas horas. O narcisismo de Ripley é uma característica que paira acima de todos os seus talentos. Segure-se no sofá, pois cinema também é movimento.
O Talentoso Ripley (The Talented Mr Ripley, Estados Unidos, 1999)
Direção: Anthony Minghella
Elenco: Matt Damon, Jude Law e Philip Seymour Hoffman
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Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas. Escritor, autor dos romances Professoras, Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.