Por Gustavo de Oliveira

A música tem o poder de embalar e eternizar momentos. Por isso, ela está presente em diversas formas de arte que vão além da própria música. Uma das principais junções de que podemos nos lembrar é com o cinema, na criação de trilha sonoras — vários músicos se consagraram e expuseram suas singularidades por meio disso. Um deles é Ennio Morricone, um dos maiores compositores de todos os tempos, reverenciado tanto por cinéfilos quanto por músicos pela sua contribuição única e incomparável à arte da trilha sonora.

Nascido em Roma, em 1928, Morricone teve uma trajetória marcada pela inovação, versatilidade e um profundo entendimento da linguagem cinematográfica, compondo mais de 500 trilhas sonoras para filmes e séries de televisão ao longo de sua carreira. Filho de um trompetista, ele cresceu em um ambiente musical que despertou desde cedo seu interesse por composições. Ainda na infância, mostrou um talento nato para a música, sendo incentivado a estudar no Conservatório de Santa Cecília, em Roma.

Antes de alcançar o sucesso no cinema, Morricone trabalhou como arranjador para músicas pop italianas, colaborando com artistas e gravadoras importantes na Itália dos anos 1950 e 1960. Em 1964, fez sua estreia no cinema com Por um Punhado de Dólares, um dos primeiros spaghetti westerns do diretor Sergio Leone. Com Leone, Morricone desenvolveu trilhas para clássicos como Três Homens em Conflito e Era uma Vez no Oeste. Nessas trilhas, Morricone explorou sons que eram completamente inovadores para o cinema: assobios, sinos, tiros, guitarras elétricas e outros elementos inusitados que desafiaram as convenções da trilha sonora tradicional.

Apesar de ser mais conhecido por suas colaborações com diretores italianos e pelo gênero western, Morricone também deixou sua marca em filmes de suspense e horror, sendo O Enigma de Outro Mundo a principal dessas obras. Em 1982, o diretor John Carpenter convidou Morricone para compor a trilha sonora do filme que se passa em uma base de pesquisa isolada na Antártica e que explora o terror psicológico da desconfiança e do isolamento. Morricone criou uma trilha que refletia o tom frio, sombrio e angustiante da história, mesclando sintetizadores com elementos orquestrais em uma abordagem minimalista que foi, ao mesmo tempo, sombria e sutil.

O impacto de Morricone na música e no cinema é profundo e duradouro. Ele recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua vida, incluindo um Oscar honorário em 2007 e, finalmente, o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original em 2016 pelo filme Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino. Suas composições foram e continuam sendo fonte de inspiração para músicos e cineastas em todo o mundo. Mesmo décadas após suas trilhas originais, seus temas permanecem inconfundíveis e evocam as emoções das histórias para as quais foram criados.

Além do cinema, o estilo inovador de Morricone influenciou muitos outros gêneros musicais. Ele foi um dos primeiros a unir a música clássica ao pop e ao rock de maneira a elevar a trilha sonora a um novo nível artístico. Até hoje, sua obra é tocada e reinterpretada ao redor do mundo, mostrando a atemporalidade e o apelo universal de sua música.

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Gustavo de Oliveira
Graduando em Jornalismo pelo Centro Universitário Carioca e técnico em administração. Redator desde 2018 com experiência em música e jogos.

Foto capa: The Quentin Tarantino Archives
Foto: AP Foto/Michael Sohn/Arquivo
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