Por Gustavo de Oliveira

Encontrar aquilo que nos realiza e nos faz felizes pode ser uma tarefa sem fim. Muitos passam toda a sua existência nessa busca e mesmo assim não encontram a plenitude. Seja por razões pessoais, sociais ou psicológicas, encontrar a felicidade é quase como apostar na loteria. Mas algumas obras conseguem falar sobre esse tema de um jeito bem profundo e nos mostrar que talvez a felicidade esteja mais próxima do que imaginamos. Este é o caso de Lake, um jogo singelo e muito especial.

Ele foi lançado em 2021 e desenvolvido pelo estúdio holandês Gamious. Situado em 1986, nós jogamos com a Meredith, que está voltando para sua cidade natal para trabalhar como carteira no lugar do seu pai, enquanto ele tira férias. E o jogo vai aproveitar essa oportunidade para fazer a protagonista repensar sua carreira, seus relacionamentos e sua perspectiva de futuro. Mas, principalmente, vai perguntar ao jogador: “O que é realmente ter uma vida bem-sucedida”?

Porque antes de seu retorno para o interior, Meredith tinha um emprego muito bom numa grande empresa de tecnologia e vivia em uma grande cidade, repleta de gente e de oportunidades. Apesar disso, ela já sentia um incômodo interno por perceber que aquilo ainda não lhe trazia paz ou tranquilidade. O que corresponde a uma lógica da vida real, sobre como as grandes cidades e seus modelos produtivos nos deixam cada vez mais solitários e ansiosos.

Logo, essa volta para a cidade natal representa uma mudança material e uma transformação pessoal para Meredith. Seria um retorno para algo que ela conhece, que é aconchegante e demonstra verdadeiramente quem ela é. Porém, essa sensação chega até o jogador porque o jogo deixa claro que a coletividade pode ser um caminho para a felicidade e que a solidão não é uma alternativa que vai em direção à plenitude.

Ao jogar Lake vamos realizar missões que se preocupam em ajudar os moradores da cidade e que tornam Meredith mais próxima de cada um deles, fazendo-a compreender a diferença que ela faz naquela comunidade e como essa comunidade funciona para que cada um desperte como indivíduo em meio ao coletivo. Demonstra-se, ainda, como a vida pode se desenvolver de maneira comunitária e dentro de termos que respeitem os nossos sentimentos, contextos e escolhas.

Se refletirmos bem, no final das contas, não existe uma resposta exata para o que é o sucesso, a felicidade ou a plenitude. Ainda mais pelo fato de que essas respostas têm um significado muito íntimo para cada um. Mas, independentemente da resposta, o importante é ter alguém para compartilhar tudo quando as coisas dão certo.


Gustavo de Oliveira
Graduando em Jornalismo pelo Centro Universitário Carioca e técnico em administração. Redator desde 2018 com experiência em música e jogos.

Imagem Twitter Lake
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