Por Gustavo de Oliveira

É consenso geral que jogar videogame é uma atividade divertida. Porém, por trás de toda a satisfação do ato de jogar, existem diversos conceitos que garantem que um jogo seja aprazível. O mais reconhecido e difundido entre jogadores e desenvolvedores é o que chamam de “Game Feel” ou “Game Juice”.

O termo foi cunhado e difundido pelo autor Steve Swink, em seu livro Game Feel: A Game Designer’s Guide to Virtual Sensation. A ideia tenta se referir à sensação tátil e intangível que ocorre durante as interações com produções digitais.

Pode parecer complexo, mas o conceito basicamente quer ilustrar como funcionam diferentes combinações de mecânicas. Por exemplo, se o seu personagem responde bem às suas ordens de controle e como o retorno audiovisual indica se você realizou a ação certa ou não. Para ilustrar, imagine que você está jogando um jogo de plataforma com controles bem definidos. Nele você possui um controle preciso sobre seu avatar, com ele respondendo bem quando ordena que ele corra, pare ou pule. Ao chegar aos limites das plataformas, o personagem se agarra, não cai e reage bem às suas escolhas. O jogo é construído para te passar a sensação de que a física do mundo e a do protagonista são satisfatórias de se interagir.

Em alguns momentos, essas escolhas de design podem não fazer muito sentido com a física do mundo real, mas é uma maneira de construir um momento gratificante e envolvente. Pois ele é o resultado do nosso desejo de experimentar algo a mais, além da vida real e comum. A interação com o digital passa pelo desejo de criar sensações impossíveis de serem experimentadas no cotidiano. O Game Feel é a tentativa de dar luz a essa experiência com maestria.

E todo esse mérito só é alcançado quando três esferas diferentes trabalham em conjunto. São elas: controle em tempo real, situação espacial e polimento.

O controle em tempo real refere-se aos movimentos e escolhas realizados assim que apertamos um botão, com base principalmente na velocidade de interpretação do jogo ao que decidimos fazer com nossos avatares. Com um bom tempo de resposta, é possível transformar um jogo monótono em algo desafiador e divertido. Já a situação espacial é uma consequência de como essas interações funcionam, principalmente por ela se referir a como o mundo do jogo reage às atividades do nosso personagem. Por exemplo, em um jogo de corrida, seria a forma como os carros se comportam ao bater, derrapar ou sair da pista. Esses são dois fatores que andam juntos e são muito próximos do entendimento do jogador, quando colocado naquele mundo virtual.

Por último e não menos importante, o polimento seria a cereja do bolo. São os elementos gráficos e sonoros que instigam os nossos sentidos. A função deles é justamente fortalecer e amplificar as interações mecânicas dos jogos, com o objetivo de engajar ainda mais o jogador. A maneira como os gráficos se comportam pode aumentar a relevância de ações realizadas, criando um impacto totalmente diferente nas nossas percepções.

Jogos são criações artísticas que muitas vezes não são reconhecidas em sua complexidade. Mas ainda assim, criá-los não é tarefa fácil, e conseguir a satisfação do jogador é ainda mais difícil. Sorte que temos artistas dedicados e talentosos no mundo dos games!


Gustavo de Oliveira
Graduando em Jornalismo pelo Centro Universitário Carioca e técnico em administração. Redator desde 2018 com experiência em música e jogos.

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