Por Ronaldo Campos

Devido a escassez de mão de obra e do esforço bélico, por causa da II Guerra Mundial, os operários japoneses se encarregaram de funções de controle e administração que normalmente eram desempenhadas pelos surpevisores. Isso marcou um estilo gerencial que coincidia com o profundo sentido de família da organização social japonesa. Outro fator marcante era a qualidade dos produtos, que tinham a pior reputação do mundo. Logo, via-se que por esses motivos o Japão não teria um futuro promissor, já que não dispunha de recursos internos suficientes e dependia do comércio exterior para sobreviver.

No pós-guerra, o Japão procurou ajuda internacional para melhorar a qualidade de seus produtos. Convidaram o professor W. Edwards Deming que proferiu conferências sobre controle de qualidade. As técnicas propostas começaram a ser aplicadas nas empresas no ano de 1951, a União Japonesa de Engenheiros e Cientistas (UJEC) criou o Prêmio Deming de Qualidade, que é outorgado, anualmente até hoje, às empresas e a indivíduos, que ligado aos sentimentos patrióticos, começou a ganhar prestígio.

Técnicos japoneses foram enviados aos Estados Unidos para observarem e aprenderem sistemas que melhorassem a qualidade; em 1954, convidaram o professor Joseph Juran, para que lhes dessem cursos sobre a administração do controle de qualidade, através dos quais o seu conceito de Controle de Qualidade Total disseminou nas empresas japonesas os conhecimentos de gerência e de comportamento humano na organização que existia nos Estados Unidos da América.

O Circuito de Controle de Qualidade (CCQ) apareceu no Japão no início dos anos 1960, conhecidos como as “atividades dos pequenos grupos” que se mobilizam e se organizam nos locais de trabalho. Esses grupos são formados no máximo por dez e no mínimo por cinco trabalhadores, reunindo-se voluntáriamente. Esses grupos têm em comum: a formação de operários da mesma empresa que se reunem no local de trabalho, são paralelos à organização e a hierarquia formal, nessas reuniões eles discutem ideias e sugestões para a melhoria do trabalho nas linhas de produção. Hoje, no Japão, os CCQ’s são um movimento generalizado nas oficinas das grandes, médias e pequenas indústrias.

No Brasil sua divulgação aconteceu no início dos anos 1980, tornando-se um dos países onde sua aceitação tenha sido amplamente adotada pelas indústrias. No entanto, infelizmente, os pordutos brasileiros ainda não são competitivos. Para tentar contornar essa situação, o governo anuanciou, em janeiro deste ano, um “pacotão” para impulsionar a indústria. O financiamento e subsídio de R$ 300 bi não menciona nenhum programa voltado ao CCQ e vem recebendo muitas críticas. Não adianta fazer “mais do mesmo” se não melhorarmos a qualidade dos produtos — assim como fizeram os japoneses desde o fim do II Guerra Mundial.


Capa: foto de Registi/Unsplash

Share: