Por Anderson Borges Costa
Você já leu algum livro da Agatha Christie ou do John le Carré? Já leu uma saga do Erico Verissimo? Já assistiu a algum filme ou leu algum romance protagonizado pelo James Bond ou pelo Jason Bourne? Viu algum filme do Hitchcock? Já leu O homem que calculava, do Malba Tahan? Há um autor hoje no mundo capaz de misturar todos os livros e escritores ocidentais mencionados neste parágrafo no enredo de um único romance, escrito pelo autor contemporâneo de maior sucesso na China, cujo título é O criptógrafo, de Mai Jia.
A China, o país que concentra a maior população no planeta, é capaz de potencializar números em qualquer área. Com a literatura não é diferente. Mai Jia, nascido em 1964, já vendeu mais de 3 milhões de exemplares no mundo, um número que não pode ser desprezado. Só para você ter uma ideia, um autor que consegue vender 10 mil cópias no Brasil pode soltar rojões e ser considerado um best-seller. Pois é, Mai Jia conseguiu fazer magia.
Um criptógrafo é um especialista em decodificar mensagens. No romance de Mai Jia, o leitor fica vidrado desde as primeiras páginas ao ler a saga de pais, filhos e netos que têm um talento em comum: um conhecimento nato e aprofundado da matemática. O protagonista é Rong Jinzhen, adotado por parentes que estudam matemática em uma universidade na China. Logo percebem o talento do menino, que é levado para a universidade e que, nos primeiros dias, já mostra a todos a sua mente brilhante e o raciocínio muito superior ao dos professores. Um professor visitante, polonês, entusiasmado com o potencial de Jinzhen, o convida a estudar inteligência artificial, e um agente do governo chinês o recruta para decifrar códigos cifrados. Ele se torna o maior criptógrafo do país, mas comete um erro e entra em decadência fulminante. Esse processo é recheado de mistério, suspense e traição.
Pelo fato de ser um país totalitário, com pouco espaço para a liberdade de expressão, surpreende ler em O criptógrafo passagens com críticas ao comunismo de Mao, o comunismo do mal.
A literatura chinesa está bem representada para os leitores que quiserem se aventurar por esta história narrada em um ritmo veloz, furioso, com estratégias militares, com surpresas e reviravoltas. A China, em O criptógrafo, está mais perto de você do que parece. Boas leituras!
O criptógrafo, Mai Jia
Tradução: Amilton Reis e Sun Lidong
Editora Companhia das Letras
Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas. Escritor, autor dos romances Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.