Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti
É preciso primeiro saber, para depois querer. Isto porque toda vontade envolve, necessáriamente, um mecanismo racional. A vontade depende de um eu consciente — o que significa que é uma escolha que passa pelo crivo do pensamento.
E ter vontade é algo que diz respeito à intenção, é algo que sai de nós em busca de algo que não está em nós mesmos, mas que conhecemos e que sabemos de antemão o que seja, e qual será o resultado da satisfação desse querer.
Assim, ter vontade de comer um bife à milanesa é a tentaiva de satisfazer um desejo, o da fome — de modo definido e predeterminado —, isto porque não nos interessa, neste caso, satisfazer a fome de qualquer modo, mas de um modo específico. Há quem deseje satisfazer-se com comida japonesa ou árabe, ou com uma receita vegana de saladas envolvendo uma deliciosa torta de legumes. Não é possível que exista uma vontade de “qualquer coisa”, pois ter vontade é combinar anseios e desejos mediados pelo pensamento, sobre coisas que escolhemos.
A vontade como volição nos apresenta estão o imperativo do conhecimento. Querer é pensar sobre o que se pode. É refletir e meditar sobre o que queremos, ainda que este processo possa ocorrer de modo rápido, e que sobre ele não possamos nos deter.
Não existe vontade no meio do desespero.
Miniensaios de Filosofia, volume: Desejo, Vontade & Racionalidade, capítulo VIII, editora Vozes, 2013.
Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
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