Por Arhur Meucci e Flávio Tonnetti

Fazemos uma grande confusão sobre o amor. Falamos do amor como quem fala de um objeto: como se fosse uma coisa só, ou como se amar fosse simples. Dissemos que amamos nossa mãe. Usamos a mesma palavra “amor” para dizer que amamos o time do Corinthians — ou do Flamengo ou do Real Madri ou do River Plate, ou a todos, se formos promíscuos em nosso amor pelo futebol. Amamos ginástica, amamos cerveja importada e amamos cozinhar. Amamos nosso trabalho, nossa vizinha e nossos filhos. Mas confundimos os amores que sentimos. Ou alguém considerará que amamos do mesmo modo nossa mãe, Paris, salada de tomates e a pessoa com quem nos casamos? Evidente que não! Confundimos nossos amores e neles tropeçamos a todo instante.

Sobre a questão do amor, os gregos antigos eram mais claros do que nós. Usavam diferentes palavras para designar diferentes tipos de afeto: Eros, para o amor carnal, Philia, para o amor fraternal, e Ágape para um amor total. Deste modo, diferenciavam os sentidos e as aplicações do amor. Os gregos antigos, em relação às denominações do amor, procediam de modo diferente do que hoje fazemos. Até que ponto temos clareza em relação ao que sentimos?

Sendo difícil conciliar nossas visões sobre o sentimento amoroso, ele permanece, quando intenso, embaralhando nossos pensamentos. O amor é a confusão de tudo.


Miniensaios de Filosofia, volume: Amor, Existência & Morte, cap. IV, editora Vozes, 2013.

Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
contato: [email protected]

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