Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti

Diante dos bons costumes, vemos atrocidades. Não todo dia, mas também não raramente. Homens machucam outros homens por prazer, por ignorância ou alegando necessidade. Mas o que nos faz insistir na ética? Na vida ao lado dos outros? Uma necessidade mútua regulada por uma ética do medo coletivo? Ou a esperança na evolução da humanidade?

O medo como elemento fundador dos costumes e legalidades foi definido por pensadores que enxergam o ser humano como um animal essencialmente egoísta, antissocial, preocupado somente com seus próprios prazeres e necessidades. Fera que vive para si e que só aprendeu a respeitar o outro por temer sua própria espécie. Ética como prisão pessoal, baseada na esperança compartilhada da não agressão.

Porém, nem todos concordam que nossos valores morais nos defendem de nossa natureza. Afinal, continuamos a ter medo dos homens em sociedade. Mas, se todos somos naturalmente sociáveis, por que surgiu a ética? Pelo simples fato dos instintos mais básicos não desenvolverem todas as nossas potencialidades.

Hoje, globalizamos parâmetros de conduta para atingir sonhos cada vez mais audazes, tendo que se relacionar com comunidades diferentes, na esperança de criar sociedades que propiciem vida longa, próspera e tranquila.

Seja por receio da barbárie, seja por fé na humanidade, autores e leitores deste texto compartilham medos e esperanças, mesmo que são concordem sobre os valores para agir perante os dilemas éticos que enfrentamos todos os dias.


Miniensaios de Filosofia, volume: Ética, Medo & Esperança, capítulo XXXIII, editora Vozes, 2013.

Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
contato: [email protected]

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