Por Isabel Ramos
Recorro à arte como forma de expressar o desejo de gritar.
Que minha voz ecoe para dentro de mim
e de algum modo
traga o despertar,
ou ainda,
que seja tão potente que consiga deslocar o silêncio
que insiste em camuflar
meu mais genuíno aspirar.
E é no caminhar que reconheço o transmutar,
porém,
por perceber que existe um vazio
dependendo do transformar,
busco um sinal ou um evento aleatório qualquer
que sirvam de ponte para o lugar
onde se possa clarear e vivificar o elocubrar.
Gritar aciona o botão do expurgar,
do jogar fora o que enche sem preencher ou dar forma,
apenas estufa e deforma.
Se Nietzsche estava certo
e temos a arte para não morrer da verdade,
faço da escrita o lugar do bradar,
sem incomodar ou ecoar
para além das minhas fronteiras
a emoção que vez ou outra precisa desaguar.
Imagem: O Grito (no original Skrik), de Edvard Munch, 1893.
“É uma série de quatro pinturas do artista norueguês Edvard Munch, a mais célebre das quais datada de 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O plano de fundo é a doca de Oslofjord, em Oslo, ao pôr do sol. O quadro O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista…”.
Fonte: https://www.facebook.com/incrivelnoruega/posts/937718779657680/