Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti

A morte é paladina da humanidade. Mensageira de nossa insignificância perante a natureza. Quando nos deparamos com sua presença, frente a frente, constatamos que não vivemos para sempre. Que não somos deuses que tudo podem. Que não é possível viver em carne e osso, no excesso das sensações, para sempre.

Ao anunciar o fim do existir e ao comunicar o término da experiência, a morte nos iguala a todas as formas de vida. Todos aqueles seres que nossa cultura considera como formas de vida “inferiores”, ou “menos evoluídas”, também morrem. Morrem os insetos, morrem as plantas. Morrem as aves e os peixes. Morrem os macacos e os golfinhos; o elefante e a formiga. Morrem os fungos e as bactérias. Nem mesmo as pedras são eternas. Porta-voz da igualdade, a morte nos nivela a tudo que há no mundo.

Por maiores que sejam nossa fama, nossa riqueza e nosso poder, perecemos igualmente. O rico morre tal qual a todos os homens pobres. Apesar das ridículas tentativas de mumificar os corpos, somos iguais em nosso destino biológico.

A morte, tão temida e tão desafiada, informa-nos a verdade sobre nossa frágil condição humana.


Miniensaios de Filosofia, volume: Ética, Medo & Esperança, cap. XXIII, editora Vozes, 2013.

Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
contato: [email protected]

Foto de Marco Guerrero/Unsplash
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