Por Anderson Borges Costa
Que tal uma série na qual os protagonistas são jovens estudantes que, na primeira temporada, estão no 7º ano e ao final da última temporada estão no Ensino Médio? Que tal uma série que se passa nos anos 1980, quando o mundo era bem diferente do que é hoje, mas era também muito igual? Que tal uma série que mistura ficção científica, terror, suspense e drama adolescente, temperada com um pano de fundo histórico? Achou estranho? Pois a ideia é essa mesma. O título da série não poderia ser outro: Stranger Things.
A estranheza é algo que atrai os espectadores. Na verdade, a série foi produzida com base em pesquisas feitas pela Netflix sobre o que as pessoas gostam de assistir. Levando em consideração as respostas, foi realizada esta série, cujo enredo pode ser resumido assim: garotos e garotas começam a desaparecer misteriosamente em uma cidade americana no estado de Indiana. Uma menina estranha, aparentemente fugitiva, com poderes telecinéticos, conhece a turma de amigos dos desaparecidos e os ajuda na tentativa de encontrá-los. Mais pessoas desaparecem, e entendemos que os fatos estão relacionados a experimentos secretos que ocorreram durante a Guerra Fria, na disputa que se dava na época entre Estados Unidos e União Soviética.
O bacana desta série é que o enredo é apenas um dos atrativos. Stranger Things conversa com crianças, adolescentes e adultos. Passear pelos anos 1980 é uma gostosa nostalgia para os mais velhos (como eu), mas também é uma maneira interessante de apresentar esse período aos mais jovens. O cinema de Spielberg, os livros de Stephen King e a música de Kate Bush são um prato cheio que dão um sabor extra à história de estranhos garotos que vivem em uma época estranha. No elenco, a atriz Winona Ryder, ícone dos anos 1980 que andava meio sumida, reaparece, fazendo com que o enredo absurdo pareça um pouco mais real. Ou será que é a realidade nos dias atuais que nos dá a impressão de ser estranha? Segure-se no sofá, pois cinema é movimento.
Stranger Things (Estados Unidos — início da produção: 2016)
Direção: Matt Duffer, Ross Duffer e Shawn Levy
Elenco: Winona Ryder, Millie Bobby Brown e David Harbour
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Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas. Escritor, autor dos romances Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.