Por Anderson Borges Costa
Um pássaro é um pássaro é um pássaro. Um pássaro é um aro, é uma pá. Um pássaro é a paz. O voo livre da paz é incapaz de traduzir o conteúdo que uma pá de cal carrega na cauda e no caldo de um pássaro refogado e afogado na panela nossa de cada cozinha.
Um pássaro é um pedaço da natureza. O mutum é um pássaro escuro que habita florestas densas. No Brasil, pode ser encontrado na região central ao oeste de São Paulo, no Paraná, em Minas Gerais e, a partir de agora, nas livrarias. Mutum aprendeu a voar no céu e no papel. Mutum é canto, Mutum é conto. Mutum é o livro de estreia do autor paulista Thiago Costa Franco, contista de mão cheia, que escreve batendo as asas.
Os contos de Mutum mostram mais a vida do que as pessoas. Como diz o texto de apresentação do livro: “As pessoas são atores passivos, entregues à sorte e ao azar do destino que as manipula. Meros observadores de um movimento ao qual são alheias, as pessoas, quase sempre sem nomes, ou com um nome coletivo, acompanham objetos serem personificados”. Mas a vida é uma natureza estranha: sem pessoas, fica vazia; com pessoas, fica desumana. É por essa estranheza vivaz que o leitor é levado nos contos de Mutum: um livro que marca a estreia de um novo escritor, que marca os olhos que leem contos e, encantados, passam a bater asas para a região central do Brasil e do pau-brasil. Thiago Costa Franco nos presenteia com vinte contos de reis, rainhas e, principalmente, vinte contos de desencontros. Seja bem-vinte ao céu da literatura, Thiago. As asas de seu Mutum nos farão voar alto. Boas leituras!
Mutum, de Thiago Costa Franco
Editora: Giostri
Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas. Escritor, autor dos romances Professoras, Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.