Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti
Ser não é ser no corpo. A existência ultrapassa a matéria: somos centelha. Atravessamos a vida, mas não nos detemos nela. Não nos reduzimos a esta existência. A vida encarnada no corpo pressupõe uma alma que permanece eterna. Enxergar o existir como algo localizado é miopia da razão, é ver a vida por uma lente suja. Como poderia um ser dotado de tantas potencialidades, como o ser humano, ser reduzido a um simples objeto, pedra nas veredas do mundo, sujeira no batente do tempo?
Quer compreendamos a trajetória do universo através de um viés naturalista ou através de uma via religiosa – como criação divina – necessariamente precisamos reconhecer um plano, um projeto, uma finalidade superior para a vida. Para tudo há uma direção. Não faz sentido imaginar que não há sentido para a vida neste universo. Caminhamos rumo a um destino, por mais que tenhamos dificuldade de entendê-lo, ou de acessá-lo. Questão de fé? Certamente não: questão de reflexão, de raciocínio. Existir não é apenas uma passagem pela vida terrestre. Vida é muito mais, vida é além.
Miniensaios de Filosofia, volume: Ética, Medo & Esperança, cap. XXIV, editora Vozes, 2013.
Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
contato: [email protected]