Por Anderson Borges Costa
Você se considera uma pessoa bem informada? Acompanha o noticiário da sua cidade, do Brasil, do mundo? Caso você não se considere satisfeito com o seu nível de informação sobre cultura, política e economia (todas muito importantes para o nosso dia a dia), sugiro um veículo que talvez ache estranho: o jornal. É o jornal que nos entrega reportagens sobre os filmes que estrearam, os livros lançados, os shows que vão acontecer na sua cidade, o resultado do jogo do seu time, o aumento do salário ou a quantidade de aulas de matemática que a escola tem que oferecer aos alunos.
No entanto, além dos assuntos acima, o jornal também nos oferece um tipo de texto que é muito gostoso de ler, pois conta pequenos fatos cotidianos de forma bem leve, para, em seguida, promover uma reflexão sobre eles. E um dos maiores jornais do Brasil, a Folha de S.Paulo, nos brinda com um dos mais interessantes cronistas da nossa mídia: o jornalista Jairo Marques, autor do comovente livro Crônicas para um mundo mais diverso.
Jairo nunca andou. Com 9 meses de idade, perdeu o movimento das pernas e é cadeirante desde que se entende por gente. Pelo fato de nunca ter andado com as perninhas que recebeu, as rodas de sua cadeira têm muita história para contar: de degraus que não consegue subir, de ruas esburacadas, de banheiros públicos não adaptados, de desafios, de medos, de insegurança… de amor. Isso mesmo, Jairo Marques escreve com leveza, bom humor e extrema profundidade sobre como um ser humano (ou “serumano”, como ele gosta de grafar) pode se conectar com outro ser humano. Por mais que haja diversidade (e a diversidade nos une), ela nunca deveria ser uma forma de nos afastarmos. Somos humanos justamente porque somos diferentes. Ler este singelo livro de crônicas (quase todas publicadas em sua coluna na Folha) é uma forma gostosa de enxergarmos o outro dentro de nós mesmos. Boas leituras!
Crônicas para um mundo mais diverso, Jairo Marques
Editora Serena
— “É o preço da existência ir deixando pelo caminho um bocadinho de nós mesmos em dores, amores, forças, batalhas, histórias, lágrimas e sentidos.” (Jairo Marques)
Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas. Escritor, autor dos romances Professoras, Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.