Por Anderson Borges Costa

Você assiste a alguma série no streaming? Você assiste a filmes no cinema? Você ouve música? Se respondeu “sim” a pelo menos uma das perguntas acima, você deve ter algum método para decidir qual a próxima série, o próximo filme ou o álbum musical que escolherá. Afinal, a cultura é parte da sua vida.

O mesmo processo existe para a escolha de livros. Se você está lendo esta coluna, certamente é um leitor. E, com mais ou menos frequência, um livro provavelmente é um companheiro seu em alguns momentos do seu cotidiano.

Por isso, é válido refletirmos sobre o que há em um livro que nos atrai ou nos repele. O escritor paulista Monteiro Lobato disse certa vez que “Quem mal lê, mal ouve, mal fala. Um país se faz com homens e livros”. Para nos fazermos homens (mulheres e todos os gêneros inclusos), é muito bom que estejamos acompanhados de livros. E o interessante é que um livro contém muito mais do que palavras.

São muitos os elementos de um livro que conversam com o leitor. Antes de se ler a primeira palavra de um romance, o livro já puxou uma conversa com os possíveis olhos de quem o segura. E a conversa que um livro inicia com o leitor é uma forma de tentar seduzi-lo a ler a história que ele carrega. O livro, antes de se mostrar em sua narrativa, inicia uma espécie de namoro, um flerte, cujo objetivo principal é seduzir à leitura aquele que o segura.

A sedução de um livro a fim de conquistar a atenção do leitor para mergulhar em seu enredo se faz por meio de elementos externos. O livro dá uma piscadinha para quem o segura em mãos por meio de sua capa, com um título, o nome do autor e com uma imagem intrigante. Na parte traseira do livro, há a quarta capa, com um resumo do enredo, uma referência ao seu conflito e o desafio de tentar resolvê-lo. O leitor que se sente seduzido ao abrir o livro depara ainda com a orelha, que nos fala mais sobre o enredo e sobre o autor.

Este namoro literário continua com os elementos pré-textuais que existem em várias narrativas. Ainda nas preliminares da leitura do enredo, podemos deparar com uma instigante epígrafe, uma dedicatória ou um prefácio. Se confirmado o namoro, a leitura pode ser iniciada.

Portanto, ler um livro é um processo de descoberta. Um livro se esconde por baixo de um cobertor, uma coberta que pode mostrar uma imagem excitante ao revelar-se sobre as cobertas. Perceba, em sua próxima leitura, todo o delicioso prelúdio que antecede a leitura do enredo. A leitura também é um ato de amor. Boas leituras!


Anderson Borges Costa
Formado e pós-graduado em Letras (Português/Inglês/Alemão) pela Universidade de São Paulo. Professor de Português e Literatura na Escola Internacional St. Nicholas e professor de Inglês no curso Cellep. Escritor, autor dos romances Rua Direita e Avenida Paulista, 22, do livro de contos O livro que não escrevi e de peças teatrais.

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