Encerrar o ano de 2020 sem ao menos tentar buscar uma compreensão racional sobre os principais acontecimentos não seria justo com você, amiga leitora e amigo leitor, que sempre nos acompanha pela internet, pelo YouTube e pelas redes sociais.

Entendemos que simplesmente criticar tudo que aconteceu neste ano, apontando culpados, reclamando em coro das decisões (ou da falta de decisões) políticas, apontando o dedo para esta ou aquela situação não traria nenhum entendimento sobre os principais fatos, e ainda poderia criar uma enorme onda negativa em muitos de nós.

Então, convidamos uma das maiores intelectuais brasileiras da atualidade para criticar e racionalizar filosoficamente o ano de 2020. Vale a pena lembrar que crítica é uma palavra de origem grega que tem três sentidos principais: capacidade de julgar, discernir e decidir corretamente sobre os fatos. O que é muito diferente da compreensão errônea que temos dessa palavra, pois achamos que crítica lembra mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe de tudo e que os outros são ignorantes.

Porém, mais do que nunca, precisávamos encontrar um pensamento crítico para nos auxiliar nesta navegação cega na qual embarcamos no começo deste ano. E, ainda, como diz Heidegger: “Mesmo que não saibamos expressamente nada de filosofia, já estamos na filosofia porque a filosofia está em nós e nos pertence”. E é pensando nela que fizemos esse encontro com a filósofa Viviane Mosé, para nos dar um rumo nesta névoa tão densa que tomou conta de 2020.

Ela dispensa qualquer apresentação, pois é uma pensadora e pessoa extraordinária, com uma lucidez incrível. Neste vídeo ela nos lembra da nossa origem, ou seja, de como a vida surgiu — questão fundamental que inaugura a ciência, a filosofia e a religião. Sem medo de errar, Viviane recorre ao caldo da vida e assume que a ciência, baseada na experiência de Miller em 1953, recriou as condições atmosféricas e inorgânicas que possibilitaram o surgimento das células orgânicas.

Num ano em que um vírus tomou conta do planeta e passou a guiar as nossas vidas, encerro este pequeno texto lembrando o que disse Vito Quintas: “O vírus é uma ameaça à humanidade, mas também, em certo sentido, um elo com a nossa versão celular mais arcaica. No princípio, antes do verbo, nós talvez fôssemos um tipo de vírus”. No sentido de que não devemos ter medo e, sim, seguirmos em frente, amando e valorizando a vida e respeitando a natureza da qual fazemos parte.

Assista à live completa: 

 

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Texto escrito por Ronaldo Campos, editor da revista INSPIRE-C.

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