Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti
Agir conforme a ética não se aprende, não se entende, não se reflete -— se faz. O comportamento virtuoso não se ensina, dizia Sócrates. Sempre pode haver um mentiroso ou um corrupto conhecedor e defensor dos valores éticos. A virtude surge da prática, defendia Aristóteles. O bom caráter advém de um hábito incorporado pelos costumes e experiências advindos da infância.
Quase todas as tarefas corriqueiras da vida nós as fazemos sem pensar. Andamos de bicicleta, dirigimos carros, cozinhamos, escrevemos e nos portamos à mesa de forma automática, como se fosse natural. Nossas ações e deliberações morais também são frutos de uma vivência contínua, de uma prática repetida que se torna arraigada.
Em vão se ensina ética com o propósito de melhorar o caráter de um aluno. Pensar no outro antes de agir advém do costume e não da razão. Respeito, coragem, justiça e prudência não se ensinam em salas de aula, são valores experimentados e praticados desde pequenos na constatação e na imitação das conduta familiares. Os filhos pagam pelos pecados dos pais, já diziam os profetas bíblicos Moisés e Ezequiel.
Estudar ética é como estudar o nosso primeiro idioma, serve para lapidar e aperfeiçoar aquilo que já praticamos.
Miniensaios de Filosofia, volume: Ética, Medo & Esperança, cap. XXVI, editora Vozes, 2013.
Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
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