Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti
A morte não exite. Ensinamentos do mestre Epicuro, materialista e defensor do prazer.
Tudo o que conhecemos provém dos sentidos: visão, paladar, tato, olfato e audição. É com estes recursos que construímos nosso mundo — e nossa vida.
Ser é ser percebido, lição do filósofo e bispo Berkeley.
O mundo só existe, para nós, quando percebido pelos sentidos. Um mundo não sentido é inexistente. Aquilo que existe só existe na sensação de quem percebe.
Se a morte é o fim dos sentidos, logo não pode ser conhecida. Não pode ser sentida. Não pode ser vivida. Não pode existir.
Nunca saberemso quando a morte chegará. Logo, não é preciso preocupar-se com ela. Afinal, por que ter medo de algo que nunca sentiremos? Que nunca existirá?
A morte só se apresenta como dedução. É na morte dos outros que podemos saber sobre ela, não na nossa. Morrer é um fenômeno como outro qualquer. Um nome arbitrário que designa sucessões de acontecimentos biológicos. Uma etapa do ciclo da vida. Hoje homem pensante, amanhã adubo fertilizante — suporte para outras vidas.
Para aqueles que se preocupam excessivamente com a morte, é interessante notar que o viver é um morrer acordado. Uma tentativa vã de sentir o que não tem sentido.
Miniensaios de Filosofia, volume: Amor, Existência & Morte, cap. VI, editora Vozes, 2013.
Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
contato: [email protected]