Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti
A verdadeira filosofia é fruto de uma soberana vontade. Seu anseio por respostas trava uma batalha contra os nossos mais profundos medos e esperanças vãs.
As investigações sinceras sobre tudo aquilo que nos move e nos apequena causam mal-estar. Não queremos saber quem realmente somos, quais os impactos das nossas ações ou analisar os preconceitos de nossos valores, apesar de publicamente negarmos tudo isso. A verdade só é boa quando convém, assim como a mentira. Nossa noção de homem e civilização foi fundada em mitos e não queremos ver nossos mitológicos alicerces despencarem de uma só vez sobre nossas cabeças.
É preciso muita coragem e muita energia para buscar a verdade. Uma vontade disposta a lutar contra nós mesmos e contra aqueles que se protegem das crenças que lhes são convenientes. Para saciar essa vontade pelo que é certo alguns estão dispostos a sofrer penas de morte, como aconteceu com Sócrates e Sêneca em épocas remotas ou com os anarquistas e marxistas tão recentemente.
Quando a busca pela verdade se torna mais forte do que o medo, do que a vergonha e do que a rejeição, podemos então colocar o dedo em nossas feridas e viver heroicamente na luta contra as sombras da ignorância que ainda hoje nos assolam. É preciso ter muita vontade de conhecer o verdadeiro para se engajar contra tudo aquilo que nos afasta dele.
Miniensaios de Filosofia, volume: Desejo, Vontade & Racionalidade, cap. XXXIII, editora Vozes, 2013.
Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
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