Tradução e adaptação de Ronaldo Campos

Foi um ano complicado para o topo da hierarquia corporativa. O crescimento lento em muitos mercados fez com que os CEO’s cortassem cada vez mais os custos e ao mesmo tempo tiveram que negociar a manutenção do nível salarial, constantemente pressionado pelo aumento da inflação. A geopolítica turbulenta, as guerras culturais tóxicas e a inteligência artificial generativa (IA) também exigiram dos CEO’s muito jogo de cintura no ano passado.

Ainda assim, alguns executivos se destacaram em 2023. The Economist examinou o desempenho dos CEO’s das grandes empresas cotadas no índice S&P 1200, que abrange a maioria das grandes economias, com exceção da China e da Índia. Foram deixados de lado os executivos que estão a menos de três anos no cargo, para evitar distorções nas análises de desempenho. O critério de classificação baseou-se no retorno gerado para os acionistas em relação à média do setor em que atuam.

Não entraram na avaliação os CEO’s da Cameco, uma mineradora canadense, da PulteGroup, uma construtora americana, da 3i — que é uma empresa de aquisições, e da Be Semicondutores Industries. As exclusões foram baseadas nos seguintes motivos: efeitos macroeconômicos, aumento das commodities e resultados “forçados”.

A lista dos cinco CEO’s superestrelas em 2023 (ver tabela), em ordem crescente de retorno aos acionistas, são: David Ricks, da Eli Lilly, hoje a empresa farmacêutica mais valiosa do mundo; David Vélez Osorno, do Nubank, um neobanco brasileiro que está adquirindo clientes em toda a América Latina; Sekiya Kazuma da Disco, fabricante japonesa de ferramentas de ponta para produção de semicondutores; Mark Zuckerberg, da gigante das redes sociais Meta; e Jensen Huang, da Nvidia, fabricante de chips cujo valor de mercado ultrapassou US$ 1 trilhão este ano.

O CEO Ricks colocou a Eli Lilly logo atrás da Novo Nordisk, uma rival dinamarquesa, no crescente mercado de medicamentos antiobesidade. Poucos bancos novos conseguiram desalojar os bancos tradicionais. No entanto, sob a liderança de Osorno, o Nubank, cofundado em 2013, tornou-se a quinta maior instituição financeira da América Latina em número de clientes. Kazuma, que também dirige a divisão de pesquisa e desenvolvimento da Disco, manteve sua empresa na fronteira do corte e moagem de semicondutores por muitos anos. Depois de aterrorizar os investidores em 2022 com sua loucura pelo metaverso, Zuckerberg os encantou em 2023 como o “ano de eficiência” e as incursões de sua empresa na IA generativa. E Huang consolidou a posição da sua empresa como fornecedora indispensável dos chips que impulsionam a revolução da IA.

Huang, cuja jaqueta de couro exclusiva se tornou parte integrante de sua personalidade, assim como eram as golas usadas por Steve Jobs, compartilha a intensidade e os padrões exigentes do fundador da Apple. Mesmo assim, ele é adorado pela equipe, com 98% de aprovação. Mesmo considerando tudo isso, ele teve o melhor desempenho em 2023 em relação aos outros CEO’s avaliados pela The Economist.


Artigo publicado na The Economist em 28 de dezembro de 2023.

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