Por Arthur Meucci e Flávio Tonnetti
Vida e morte medem-se pelo tempo. Mas falar sobre “o tempo que me falta para morrer” ou sobre “o tempo que ainda tenho para viver” é difícil, já que não temos referências em relação ao tempo que nos resta. Afinal, sabemos que o percurso de nossa existência é finito, mas não sabemos nada sobre nosso destino ou sobre nossa permanência. Assim, dizer que vivemos dias a mais ou dias a menos é algo extremamente complicado nesta matemática que se estabelece entre morte e vida. Em relação a que dizemos que estamos mais vivos ou mais mortos?
Não sendo a vida uma corrida de cavalos, não há parâmetros para saber quem está na frente, não há certeza em relação à linha de chegada. Subtrair ou adicionar dias em nossas vidas não altera se morro aos vinte e cinco ou aos trinta; não altera se chegarei aos quarenta ou aos noventa e sete anos. Há que se viver no instante, que não avança e nem retrocede.
Apenas aos mais velhos, aos bem mais velhos, é facultado dizer com segurança que há para si mais passado que futuro — mas, ainda assim, como mensurar essas distâncias? Por dias passados e dias vindouros medir-se-ão passado e futuro, ou por intensidade de experiências? Um único dia, do amanhã, poderá ressignificar todos os milhares de dias do ontem.
Miniensaios de Filosofia, volume: Amor, Existência & Morte, cap. XII, editora Vozes, 2013.
Arthur Meucci
Bacharel, Licenciado Pleno e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Extensão em Filosofia do Cinema pelo COGEAE/PUC. Possuí formação em Psicanálise; Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Flávio Tonnetti
Bacharel e mestre em Filosofia pela USP, doutor em Educação pela mesma instituição, com tese sobre educação e tecnologia.
Professor da Universidade Federal de Viçosa.
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