Por Ronaldo Campos
Segundo o historiador Yuval N. Harari, atualmente enfrentamos uma quantidade enorme de mudanças sem precedentes na história da humanidade. Muitas perguntas surgem neste momento angustiante: como se preparar para enfrentar essa avalanche de mudanças? Como preparar nossas filhas e filhos para um mundo que parece ruir? Como as escolas devem instruir as futuras gerações?
Ninguém é capaz de prever os resultados destas mudanças. Seja qual for a previsão, otimista ou pessimista, é impossível construir um cenário que diga como a humanidade estará vivendo daqui a 50 ou 100 anos. Harari diz que se alguém fizer uma descrição de como será o mundo em meados do século XXI e ela soar como ficção científica, provavelmente é falsa. Mas se ela não soar como ficção científica certamente também é falsa. A única certeza que temos é que o mundo não será o mesmo. Diferentemente do que ocorreu a cinco ou seis séculos atrás, quando as mudanças eram poucas ou praticamente imperceptíveis. Por exemplo, sabia-se que o filho de um artesão ou de um lavrador seria artesão ou larador, bem como seus netos e bisnetos.
O fato é que desde a Revolução Industrial nenhum novo método educacional surgiu para preparar os jovens para enfrentar as constantes mudanças. As escolas ainda replicam a produção em série das indústrias daquela época. As salas de aula são distribuidas ao longo de um corredor, são quase todas do mesmo tamanho e com a mesma “decoração” (carteiras e mesas enfileiradas de frente para a lousa). Assim como as fábricas, o tempo é controlado por um sinal que avisa o início e o término das aulas. A cada toque um professor entra e despeja um monte de informações durante um certo período do dia. Depois todos vão para casa e a mesma rotina se repete no dia seguinte.
Um número considerável de pedagogos acredita que as escolas deveriam ensinar os quatro Cs: pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade. Eles argumentam que as escolas erram ao priorizar as habilidades técnicas em detrimento dos propósitos fundamentais da vida. São partidários da tese de que o objetivo da educação é preparar os jovens para enfrentar as mudanças, estar abertos aos novos aprendizados e desafios e, o mais importante, preservar o equilíbrio mental diante das mudanças.
Num mundo repleto de informações instantâneas e disponíveis na palma da mão, o que os alunos menos precisam são de professores que despejam um caminhão de informações. Pois, devem aprender a aprimorar a capacidade para extrair e usá-las da melhor forma possível. Precisam adquirir a capacidade de distinguir, autonomamente, o que é relevante do que não é relevante para a vida e, acima de tudo, serem capazes de combinar as informações num todo que faça sentido e que os conectem consigo mesmos, com os outros e com o mundo.