Por Marcella Erédia e Natasha Lima
Historicamente, os diferentes tipos de arte — da dança às artes plásticas, da música ao teatro e à fotografia — sempre convergiram e estiveram em sintonia. Exemplo disso é o teatro musical, que une vários desses elementos e é uma das ferramentas mais completas na contação de histórias. No decorrer do século XX, essas produções ganharam força e criou-se uma indústria milionária que emprega milhares de profissionais ao redor do mundo.
Com o aumento da qualidade e popularidade dos espetáculos, os musicais foram migrando para o cinema e conquistando novos públicos. É preciso dizer que, tanto em peças que se tornaram filmes como em filmes que se tornaram peças, essa tem sido uma relação de sucesso. Não só pelo nível das produções, mas também pelos números de bilheteria.
Nesta edição do Cine Sofá, trazemos dois musicais de teatro que ganharam as telonas. O primeiro, The Rocky Horror Picture Show, é uma comédia trash que fala sobre a libertação sexual e o segundo, Amor, Sublime, Amor, narra o romance de Maria e Tony, membros de grupos rivais, no melhor estilo Romeu e Julieta.
Com muita dança, música e boas interpretações, as duas produções são referência no gênero musical e, apesar do tempo, continuam ganhando fãs e conquistando a crítica.
The Rocky Horror Picture Show (1975)
Direção: Jim Sharman
Elenco: Tim Curry (dr. Frank-N-Furter), Susan Sarandon (Janet Weiss), Barry Bostwick (Brad Majors) e Richard O’Brien (Riff Raff)
Disponível no Google Play e YouTube
O filme é inspirado no musical britânico The Rocky Horror Show, que estreou em Londres, no Royal Court Theatre, em 1973. Conta a história de um casal recém-noivado, Janet e Brad, que se perde na estrada em meio a um forte temporal e acaba em uma mansão misteriosa.
O que os jovens amantes não imaginam é que lá encontrariam seres tão diferentes — e contestadores — da sociedade com a qual estavam acostumados. Ao serem convidados a participar da celebração que ali acontecia, os dois são guiados pelo anfitrião da casa, dr. Frank-N-Furter, em uma jornada inusitada de autoconhecimento.
The Rocky Horror Picture Show é uma comédia musical inspirada em filmes de terror e ficção científica dos anos 1950 e 1960. O que o diferencia dos demais filmes do gênero é a sua temática principal: a libertação sexual.
A trama é composta por personagens que desafiam a heteronormatividade do casal protagonista. Janet e Brad são convidados a, literalmente, se despir de preconceitos e se entregar a desejos que nem sabiam que tinham.
O filme foi revolucionário para a sua época e se tornou um símbolo de liberdade não só para pessoas LGBTQ+, como para outros grupos que não se identificam com os padrões impostos pela sociedade.
Desde a sua estreia até os dias atuais, The Rocky Horror Show é exibido em cinemas e sessões especiais como uma experiência única. Fãs se vestem como suas personagens, cantam e dançam suas músicas e transformam o ambiente em uma grande festa.
Amor, Sublime Amor (1961)
Direção: Robert Wise e Jerome Robbins
Elenco: Natalie Wood (Maria), Richard Beymer (Tony), Rita Moreno (Anita), George Chakiris (Bernardo) e Russ Tamblyn (Riff)
Disponível no Telecine Play
O filme é uma adaptação do musical homônimo da Broadway lançado em 1957, West Side Story (título original). Tem como pano de fundo o subúrbio de Nova York na década de 1950, com duas gangues rivais de adolescentes disputando o controle do local. De um lado, os Jets, que sempre dominaram essa parte da cidade e, do outro, os Sharks, uma nova gangue composta por latinos, mais especificamente, porto-riquenhos.
Inspirado por Romeu e Julieta, o musical narra o amor de Maria, irmã de Bernardo, líder dos Sharks, e Tony, ex-líder e ídolo dos Jets. O casal tenta superar as diferenças, mas seu romance proibido acentua ainda mais a rivalidade entre os grupos.
Amor, Sublime Amor não é só uma história de amor. A trama também aborda questões atuais de forma precisa. Exemplo disso é a canção “América”, uma das mais famosas, interpretada pelas personagens Anita e Bernardo, que fala do sonho americano e dos problemas enfrentados por imigrantes na terra do Tio Sam.
O filme é considerado um clássico do gênero musical. Além de ter canções eternizadas como “Tonight” e “I Feel Pretty”, revolucionou o cinema da época por seu balé bem estruturado e pela paleta de cores e cenários utilizados — cada detalhe é muito bem pensado. Não é à toa que faturou dez estatuetas do Oscar, das 11 categorias em que concorria naquele ano (incluindo Melhor Diretor, tanto para Wise quanto para o coreógrafo e codiretor Robbins).
Vale lembrar que o filme ganhará um remake, com estreia inicialmente prevista para dezembro de 2020, dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg. Enquanto não chega aos cinemas, ficamos com a memorável versão original e aguardamos para conferir se a nova produção fará jus a esse filmaço!