Por Leon M. Lederman
Laboratório do Acelerador Nacional Fermi|Batávia|IL|EUA
Tradução Murilo Santana Rangel
Diagramação, revisão e adaptação: Ronaldo Campos
Meu interesse pela ciência, pelo que eu mais me recordo, veio da leitura sobre os cientistas. Havia muitos livros cruciais de jovens escritores. Eu tinha 10 anos de idade quando li sobre biólogos em um livro chamado “Caçadores de Micróbios”. Esse falava da história de como os cientistas resolveram problemas para provar que as doenças eram causadas por germes. Do que mais me lembro são dos enigmas criados por uma certa doença, e como, através de um trabalho cuidadoso e de “idéias”, cientistas foram capazes de conectar essa doença a um micróbio, um assassino observado apenas pelo microscópio.
Para tornar a história ainda mais empolgante, identificando o culpado, a cura de pessoas doentes seria possível e muitas vidas seriam salvas. Isso soava muito melhor do que ser um jogador de baseball! Outro livro que li foi escrito por Albert Einstein, no qual a ciência era comparada com uma história de detetive. Alguém era assassinado e havia várias pistas: uma faca suja de sangue, um cachorro uivando, e outras informações que pareciam estar desconexas, mas das quais o detetive (cientista) tomava nota cuidadosamente. Eventualmente, quando o assassinato era resolvido, cada pista, cada pedaço de evidência se combinava como um quebra-cabeça — tudo era explicado.
Mais tarde, no ensino médio, eu descobri que a ciência possuía outra inacreditável e maravilhosa característica — não somente a ciência podia resolver problemas sobre o mundo, mas cada “pequeno” problema resolvido contribuía para que o homem compreendesse o mundo: porque há dia e noite, e de que forma funciona nosso sistema solar. (Quando me disseram que eu estava sobre um planeta que estava me girando a aproximadamente 1500km/h, eu quis segurar em alguma coisa!).
Então astrônomos e físicos realmente entenderam as estrelas (cada uma sendo um sol com seus próprios planetas) e o processo como elas foram agrupadas em inimagináveis enormes coleções de bilhões de sóis. Outros cientistas usaram microscópios gigantes e poderosos para observarem profundamente dentro dos átomos e, atualmente, começaram a entender como a matéria e a energia funcionam — assim como o biólogo que, tempos atrás, pesquisou as bactérias.
Eu descobri que fazer parte de um grupo de cientistas que exploram o mundo, entrando no nível de um bilionésimo de centímetro e voltando até 10 bilhões de anos luz, era a vida mais empolgante que se poderia imaginar. Eu descobri que cientistas eram exploradores, como Cristóvão Colombo ou Vasco da Gama. Em tais épocas, os oceanos e continentes da África e América eram mistérios desconhecidos. Hoje, o desconhecido está em nossos corpos, em nossas mentes, e numa noite de inverno na qual vemos estrelas e galáxias. Há muitos mistérios hoje: como se formaram as galáxias, o que é a energia escura que impulsiona o Universo inteiro? E como funcionam as nossas mentes? Ainda há muito a aprender! E os cientistas ainda recebem para fazer esse trabalho!
Este artigo é de domínio público e tem por objetivo divulgar a ciência. Faz parte da coleção Algumas razões para ser um cientista que procura desmistificar e estimular o estudo da ciência, principalmente para os jovens.