Por Gustavo de Oliveira
Existem algumas coisas que nos impedem de crescer. Ou, pelo menos, resgatam um pouco de um tempo que já passou e nos faz reviver uma vida que já foi nossa. A arte tem esse poder de imortalizar alguns momentos. E é basicamente o que acontece no disco Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not, da banda britânica Arctic Monkeys. Isso é possível graças ao fato de ele ser um compêndio de experiências pessoais, referências artísticas e o registro bem verossímil de um período do mundo em que vivemos.
Produzido entre 2005 e 2006, o disco saiu em uma época de efervescência de bandas de rock independentes e que formaram uma cena indie muito forte, o que influenciou um grupo de jovens de Sheffield a criar uma banda e colocar na música tudo aquilo que eles absorveram de nomes como The Strokes, Queens Of The Stone Age e The Killers. Além de tudo que aprenderam com seus ídolos, eles precisavam colocar o que vivenciaram em suas composições. Portanto, a ideia foi misturar essas referências com a potência e disfuncional vida de um jovem de 20 anos.
Apesar de suas ambiciosas aspirações, o álbum consegue ser muito mundano em sua essência. Sua narrativa traz as perspectivas de um adolescente/adulto britânico ávido por viver o que a vida pode oferecer. Músicas como “The View from the Afternoon” falam sobre a expectativa da chegada da noite e de como a imprevisibilidade pode confortar alguém que não sabe o que fazer. Ou “Dancing Shoes”, sobre como um contato artístico pode mudar o direcionamento que você tem em sua vida e no trabalho.
Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not é um vetor de nostalgia. Uma lembrança de como o tempo pode passar, mas sempre retornar em nossas lembranças. É um exemplo de alguém que está tateando e dando os primeiros passos da vida adulta. Mas, em vez de demonstrar a inexperiência, ele dá luz à ingenuidade e à vontade de experimentar. Porque tanto o futuro quanto o passado reservam grandes acontecimentos que devem ser memorizados.
Clique AQUI e ouça Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not.
Gustavo de Oliveira
Graduando em Jornalismo pelo Centro Universitário Carioca e técnico em administração. Redator desde 2018 com experiência em música e jogos.
Foto de Sofia Guaico/Unsplash